30 de setembro de 2017

Neurose



Neurose: Mitologia grega:

neuron: nervo
osis: condição doente ou anormal

Na teoria Psicanalítica, é uma estratégia ineficaz para lidar com sucesso, com algo, o que Freud propôs ser causado por emoções de uma experiência passada, causando um forte sentimento que dificulta reação ou interferindo na experiência presente.


Por ex.: alguém que foi atacada por um cachorro quando criança,pode ter fobia ou um medo intenso de cachorros.

Porém,ele reconheceu que algumas fobias são simbólicas e expressam um medo reprimido.

Há muitas formas específicas diferentes de neurose: piromania(comportamento repititivo de atear fogo), transtorno-obsessivo-compulsivo (TOC), ansiedade, histeria (na qual a ansiedade pode ser descarregada como um sintoma físico), e uma variedade sem fim de fobias.

Todas as pessoas têm alguns sintomas neuróticos, frequentemente manifestados nos mecanismos de defesa do ego que as ajudam a lidar com a ansiedade.

Mecanismos de defesa que resultam em dificuldades para viver, são chamados neurose e são tratados pela psicanálise, psicoterapia/aconselhamento, ou outras técnicas psiquiátricas.


Faça Terapia Psicanalítica, você aprenderá a lidar melhor com:

*fobias, depressão, angustias, medos;
*reforçar o seu poder de decisão;
*acessar a calma e o equilíbrio interno;
*libertar-se de apegos, autocura da mente;
*despertar seus potenciais, melhorar sua vida pessoal;
*aumentar sua autoestima 
e autoconhecimento para Qualidade de Vida e Bem-Estar.

Atentamente,
Fernanda Tomaz

26 de setembro de 2017

Os caminhos de Freud


A cura pela palavra e pela livre associação 

Sigmund Freud trabalhou com a intuição dos processos inconscientes, nos estudos clínicos feitos em Paris com o neurologista Jean Charcot, que usava a hipnose para tratar histeria. Em Viena, ele teve contato com Joseph Breuer, que cuidou da paciente conhecida como Anna O. Num estado próximo da auto-hipnose, ela falava sobre as primeiras vezes que experimentou os sintomas de histeria, e só isso reduziu a incidência e a violência dos surtos.

Nos casos que acompanhou, Freud percebeu que a relutância em associar idéias, os silêncios e as dificuldades de pronúncia indicavam conflito entre o consciente e o inconsciente reprimido, geralmente material de natureza sexual. A Psicanálise surgiu da crença de que trazer à tona esse teor e tratar dele pela fala, seria um meio de desatar o nó psíquico. Freud começou então a afirmar a existência da sexualidade infantil e a necessidade de conhecê-la.

Fraternos Abraços

23 de setembro de 2017

Psicanálise


A Psicanálise é um tratamento para processos mentais inconscientes. Uma teoria da estrutura e funcionamento da mente humana e da análise dos motivos do comportamento. Método terapêutico de doenças de natureza psicológica supostamente sem motivo orgânico. Consolidou-se em conhecimentos existentes, como a estrutura tripartite (id - superego - ego) da mente,suas funções e correspondentes tipos de personalidade, a teoria do inconsciente, o método terapêutico da cartase, e o pessimismo da natureza humana.

Como atos sintomáticos, sublimação, pervesão, 
narcisismo, recalque, transferência, projeção,
introjeção, tipos de personalidade,etc.


Aborda às condições psíquicas correspondentes a estados de infelicidade e a comportamentos anti-sociais. Como também a concepção da motivação humana: O Sexo. Objeto natural de interesse das pessoas e também sua principal fonte de felicidade - como poderoso móvel do comportamento humano.

Freud (O Pai da Psicanálise) notou que na maioria dos clientes que teve desde o início de sua prática clínica, os distúrbios e queixas de natureza hiponcondríaca ou histérica estavam relacionadas a sentimentos reprimidos com origem em experiências sexuais pertubadoras. 

Assim ele formulou a hipótese de que a ansiedade que se manifestava através dos sintomas (Neurose) era consequência da energia (libido) ligada à sexualidade; a energia reprimida tinha expressão nos vários sintomas neuróticos que serviam como um mecanismo de defesa psicológica. Essa força, o instinto sexual, não se apresentava consciente devido à repressão tomada também inconsciente. 

A revelação da repressão inconsciente era obtida pelo método da livre associação-inspirados nos atos falhos ou sintomáticos e pela interpretação dos sonhos.

O processo sintomático e terapêutico compreende: experiência emocional; recalque e esquecimento, neurose, análise pela livre associação, recordação, transferência, descarga emocional, cura.

A Psicanálise é a medicina da "alma" do nosso século.

Auxilia o analisado a encontrar 
uma convergência entre as suas necessidades.


COISAS D'ALMA
nosso eu interior
Fernanda Tomaz

15 de setembro de 2017

As quatro estruturas da psicopatologia


As chamadas psicopatologias, no contexto da teoria psicanalítica Freudiana, podem ser divididas em quatro estruturas, a saber, a neurose obsessiva, a histeria, a perversão e a psicose.
A neurose por ser brevemente definida como uma desordem mental, consciente pelo sujeito, desordem esta que não atinge as funções essenciais da personalidade, ou ainda, doença nervosa sem causa somática, mas psíquica, não tendo o poder de transformar a personalidade do sujeito. “Com efeito, o que quer dizer as palavras “consciente” e “não tendo o poder de transformar a personalidade do sujeito” no registro da neurose?


Os neuróticos caracterizam-se pelo sofrimento que sua psicopatologia lhes inflige, sendo este sofrimento a causa mesma da deliberação do sujeito no sentido de procurar um analista na esperança de uma cura. A patologia neurótica não impede o sujeito de possuir uma vida social mais ou menos saudável, e ele mesmo está cônscio de seu sofrimento. O neurótico obsessivo embora não consiga por conta própria se libertar de seus medos, sabe que no fundo são absurdos. Todas as pessoas psiquicamente normais sentem medo diante do perigo, diferentemente, o neurótico é afligido por um medo mórbido, doentio e sem qualquer fundamento. 

Segundo Freud, a causa da neurose reside na ideia de conflito interno entre duas forças opostas que constituem o nosso psiquismo. Ao afirmar que os neuróticos sofrem de reminiscências, Freud confere a uma experiência passada a causa da neurose, pelo conflito, existente entre um desejo, ligado às pulsões e ao ID, e o dever moral, que emana do Superego, gerando, por conseguinte, o sentimento de culpa. E como as pulsões precisam ser necessariamente descarregadas acabam por gerar um sintoma neurótico.

A histeria, não obstante ser distinta da neurose obsessiva, apontada precedentemente, também é classificada como uma neurose, com o seguinte distintivo: o sintoma histérico é conversivo, isto é, o sintoma se manifesta no corpo do sujeito na forma de paralisias, coceiras, cegueira, etc. A título de exemplo, pode-se mencionar a paciente de Freud chamada Dora, que apresentava entre outros sintomas uma tosse nervosa. O sintoma desapareceu quando Dora reconheceu, pelo método psicanalítico que a irritação da garganta ligava-se a um desejo inconsciente de sucção da vara pela qual ela se identificava à amante de seu pai.

As perversões caracterizam-se pelo retorno às atividades, gostos e escolhas característicos de uma etapa anterior do desenvolvimento libidinal; retorno este chamado em psicanálise de regressão. No pervertido o desejo edipiano não deixou de existir e a angústia de castração que a ela está intimamente ligada subsiste em toda a sua intensidade. O prazer do pervertido não pode ser obtido pela simples aproximação das partes sexuais de um homem e de uma mulher, porém, utiliza outros meios e outras vias corporais, por exemplo, o órgão genital do mesmo sexo, via oral ou anal, ou prover aproximação heterossexual normal de condições sem as quais ela não traria para ele realização satisfatória. As perversões manifestam-se, na relação sadismo/masoquismo, voyeurismo/ exibicionismo, no fetichismo e no homossexualismo.

No tocante à psicose, convém compará-la com a neurose para uma melhor compreensão. Conforme visto anteriormente, o neurótico sabe que seus medos e fantasias são absurdos. Ao contrário, um sujeito que sofre de psicose acredita que suas próprias representações fantasiosas são reais. O psicótico não consegue ver o absurdo, por exemplo, da afirmação de ser Napoleão ou Jesus Cristo, pois o psicótico fica estranho à realidade, isto é, torna-se um alienado. 

A psicose impede que o doente compare o que ele imagina como o que acontece na realidade. Portanto, o psicótico perde totalmente a noção de seu estado. Esta perda de consciência implica na impossibilidade da cura da psicose através do método psicanalítico. Pois como vimos, o neurótico busca ajuda psicanalítica porque sofre, e através da associação livre, auxiliado pelo psicanalista, alcança a cura de sua neurose simplesmente ao conhecer a causa geradora do sintoma. 

No entanto, isto não é possível em relação aos psicóticos para quem suas fantasias e representações, são a pura realidade. Quanto aos pervertidos são dificilmente tratáveis pelo método da psicanálise, pois estão tão ligados aos seus objetos de prazer, os quais são assumidos muitas vezes publicamente, que se tornam impedidos de buscarem na clínica o fim de sua patologia.


BIBLIOGRAFIA

BRABANT, Georges Philippe. Chaves da Psicanálise. Zahar Editores. Rio de Janeiro: 1973.

ESTEVAM, Carlos. Freud: vida e obra. José Álvaro Editor. Rio de Janeiro: 1968.

VALINIEFF, Pierre. Psicanálise e complexos. Edições MM. Rio de Janeiro: 1971.

SANTOS, Adelson Bruno dos Reis / Ceccareli, Paulo Roberto. Perversão sexual, ética e clínica psicanalítica. Revista Latinoam. Psicopat. Fund. Vol.12, n.2. São Paulo: 2002.


Fraternos Abraços

7 de setembro de 2017

Alfred Adler e o complexo de inferioridade


No ano de 1902, Sigmund Freud criou a chamada Sociedade psicológica das quartas-feiras à qual foram chegando, aos poucos, médicos e intelectuais judeus. Estes, por sua vez, se reuniam informalmente na sala de espera do consultório de Freud: Rudolf Reitler, Otto Hank, Alfred Adler etc., os quais estavam ligados ao que viria a ser conhecido como o “movimento psicanalítico”. Com efeito, é sobre a dissidência efetivada por um de seus integrantes, a saber, Alfred Adler, que pretendo me ater.


Adler foi o primeiro discípulo de Freud a se separar do grupo psicanalítico em 1911. Todavia, as ideias de Adler não tiveram na França uma grande importância, não obstante as noções de complexo de inferioridade e de protesto viril as quais tornarem-se muito famosas sem que seja lembrado que foi Adler o pai destes conceitos.

Adler fundamenta-se na observação segundo a qual uma inferioridade orgânica é compensada, seja pela utilização de outro órgão, seja por um esforço particular imposto ao órgão deficiente. É possível reportar-se a Demóstenes, como exemplo, o qual, apesar de ser gago, tornou-se um grande orador. A inferioridade orgânica também suscita reações psíquicas sob a forma de fantasias compensatórias. 

Num outro momento, Adler amplia a noção de inferioridade, assegurando que o sentimento de inferioridade existe em todas as pessoas e que possui sua fonte na infância no momento em que o indivíduo se sente pequeno e fraco diante do adulto, sentimento este favorecido pela atitude minimizante dos pais:
O ser humano apresenta esta característica essencial: é a entidade mais frágil do reino animal, quando nasce; a mais delicada, a menos apta para a sobrevivência. 

Um potrinho, assim que se desembaraça da placenta, já pode dar alguns saltos desajeitados; para um gatinho, são necessários apenas alguns dias para que abra os olhos e são necessárias apenas alguma semanas para que o pequeno pássaro possa voar só. O recém-nascido humano vem ao mundo num estado de insuficiência que lhe seria catastrófico se não tivesse uma família para olhar por ele... Assim, a criança que toma, pouco a pouco, ao longe de todos esses anos de sua formação, consciência de si mesma, considera-se a princípio como algo inferior, menor (VALINIEFF, 1971 págs.106 e 107).

Segundo Adler o sentimento de inferioridade faz nascer um desejo compensatório de superioridade, de dominação e de poder que pode conduzir a alguma forma de sucesso pessoal, ou traduzir-se em desejos irrealistas e na busca de objetivos irrealizáveis que caracterizam a neurose. Se a criança sentir grande dificuldade de impor ao mundo exterior seu verdadeiro ego, seu desejo natural de poder transformar-se-á em obsessão. Isto se observa nos casos de compensação. O desejo de superioridade, então, torna-se doentio.

O domínio e o poder, estando nas mãos dos homens em nossa civilização, e a inferioridade do lado da mulher, o desejo de poder em um e outro sexo equivalem a um esforço para alcançar uma posição idealmente masculina. Alfred Adler denomina este esforço de protesto viril que existe, sobretudo nas mulheres, mas que se encontra em todos os indivíduos que, sentindo-se numa posição inferior, se esforça para sair dela:

Mas, de uma pequenez a criança tomará uma força: é um desejo quase imediato de afirmar-se em relação ao mundo. O fim de toda a existência humana está, pois, comandado por uma “sede de poder” destinada a procurar a superioridade sobre o meio ambiente ( VALINIEFF,1972,P.108).

Para Adler é a vontade de poder que é a força motora de toda ação humana, e não a sexualidade, e é esta mesma vontade de poder que é a causa das neuroses, pois, o próprio ato sexual para ser motivado, não nasce da excitação sexual mas de uma procura de superioridade sobre o parceiro. O complexo de Édipo não é questionado por Adler, todavia, é reinterpretada consoante a perspectiva da vontade de poder. A criança visa submeter-se à mãe e subtrair-se à dominação do pai, para por sua vez dominá-lo. 

No decorrer da adolescência e na idade adulta do complexo de Édipo constitui um refugio para o indivíduo, pois o tal se fixa a essa situação para evitar confrontos mais difíceis.
Os diferentes conceitos expostos até aqui, conduzem a uma atitude e a um método terapêutico distintos daqueles observados na psicanálise freudiana. 

A busca das causas iniciais da neurose é abandonada, a qual se define por uma busca de metas inadaptadas e é na correção dessas metas que reside ação terapêutica. Portanto, o foco é na ação educativa e reeducativa, a qual não procura entrar nas profundezas do inconsciente e pretende ser de curta duração. Alfred Adler deu à sua própria teoria o nome de psicologia individual.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRABANT, Georges Philippe. Chaves da Psicanálise. Zahar editores. Rio de Janeiro: 1972.

MEZAN, Renato. Freud. Brasiliense. São Paulo: 1983.

VALINIEFF, Pierre. Psicanálise e complexos. Edições MM. Rio de Janeiro: 1972.

Fraternais Abraços

3 de setembro de 2017

Lapsos de linguagem

Exemplo de psicopatologia na vida cotidiana

A maneira mais direta e eficaz de verificar a existência de processos psíquicos inconscientes são os fenômenos do cotidiano. Freud estava cônscio disto, por isto, escreveu uma obra voltada para o esclarecimento do público leigo a respeito de suas descobertas clínicas. Esta obra se chama Psicopatologia da vida cotidiana (1901), na qual aborda os atos falhos, que incluem os esquecimentos, os lapsos de linguagem, os erros de escrita, de leitura, e as falsas percepções. 


O objetivo de Freud foi mostrar para seus leitores que os mesmos conflitos inconscientes verificados nos indivíduos neuróticos, portanto, anormais, ocorriam também na vida de indivíduos ditos normais.Isto ocorre, porque a diferença entre a normalidade e a anormalidade para Freud é somente de grau e não de natureza.

Convém destacar que na obra A Interpretação dos Sonhos (1900) Freud assegura ser o sonho uma espécie de sintoma neurótico típico das pessoas normais, pois também é fruto de uma formação de compromisso - espécie de síntese entre dois desejos antagônicos. 

Além disso, é também possível fazer semelhante comparação entre os indivíduos normais e os psicóticos: o esquizofrênico viveria numa espécie de sonho em estado de vigília ao confundir suas fantasias subjetivas com a realidade, e o sujeito normal ao sonhar viveria uma espécie de esquizofrenia no estado onírico.

Basicamente, a diferença entre uma neurose obsessiva, por exemplo, e um ato falho, reside no fato de que no neurótico o ego não foi forte o suficiente para equilibrar o conflito entre um desejo reprimido e uma determinação Superegóica, o que culminou num sintoma. 

Nos indivíduos normais os atos falhos equivalem, num certo grau, aos sintomas neuróticos, pois também são produtos de um conflito psíquico, mas com a diferença de que são extemporâneos e "fracos". 

Extemporâneos porque ocorrem acidentalmente e logo são controlados, "fracos" porque não geram os sofrimentos psíquicos que caracterizam os neuróticos, não obstante serem muito comuns. 

Examinemos a seguir, um caso hipotético de lapso de linguagem para compreendermos melhor o conflito existente entre o Id e o Ego, tanto nos indivíduos normais, quanto nos neuróticos.

Suponhamos a existência de uma pessoa que alimentava sentimentos hostis contra seu vizinho, depois que este morreu, no seu velório poderá dizer a algum parente próximo: “meus parabéns pela morte do João” em vez de “minhas condolências pela morte do João”. 

Ora, este lapso de linguagem é muito fácil de compreender a partir das noções de conflito dinâmico entre o Id e o Ego. De um lado, o Ego do indivíduo rejeita o desejo de querer morto outro ser humano, pois não foi isto que seus pais lhe ensinaram, nem sua religião. 

Por outro lado, sua personalidade não foi capaz de neutralizar por completo o sentimento de hostilidade contra o defunto, o qual fora expelido para bem longe da consciência. 

Neste momento se instala uma espécie de guerra mental, fruto do conflito entre as pulsões do Id e as pulsões do Ego: de um lado o Id diz “fique feliz pela morte dele, ele não prestava mesmo!”, e de outro o Ego diz “ lamente a morte dele, você é um bom católico!”; o Id afirmaria P e o ego afirmaria P. Neste conflito de desejos o lapso de linguagem seria, portanto, um breve vazamento do desejo hostil reprimido, uma rápida manifestação do recalcado “à luz do dia da consciência”.


Abraços Fraternais

2 de setembro de 2017

A primeira teoria freudiana das pulsões e os seus quatro elementos


A palavra pulsão é a tradução da palavra alemã Trieb, mas não é a única tradução possível. Alguns tradutores preferem traduzir Trieb por instinto. Todavia, os tradutores partidários do termo pulsão replicam que Freud utiliza Instinkt quando pretende falar de um comportamento animal pré-formado, hereditário e característico de uma espécie. 


Conforme Freud, não existe a pulsão no singular, mas sim as pulsões, as quais são reunidas em dois grupos, a saber, as pulsões de autoconservação (ou pulsões do eu) e as pulsões sexuais. No tocante às pulsões sexuais ele diz que são inúmeras, surgem de diversas fontes orgânicas e operam a princípio independentemente umas das outras e sua finalidade é o prazer do órgão. As pulsões sexuais, a princípio, estribam-se nas pulsões de autoconservação e seguem, para encontrar um objeto. Observe-se que Freud nunca falou de apoio de uma pulsão sobre um instinto. O que ele assegura é de apoio de uma pulsão sexual sobre uma pulsão de autoconservação . 

Segundo Freud as pulsões são um processo dinâmico consistindo em um impulso que possui sua fonte numa excitação corporal localizada. Esse impulso move o aparelho psíquico, de maneira que seja realizado um comportamento visando descarregar a tensão existente ao nível da fonte corporal. Portanto, a descarga constitui a finalidade da pulsão. Escreve Freud no segundo capítulo de sua obra Esboço de psicanálise sobre as pulsões (termo este traduzido por instintos pelo tradutor): “As forças que presumimos existir por detrás das tensões causadas pelas necessidades do id são chamadas instintos. Representam as exigências somáticas que são feitas à mente. Embora sejam a suprema causa de toda a atividade, elas são de natureza conservadora; o estado, seja qual for, que um organismo atingiu dá origem a uma tendência a restabelecer este estado assim que ele é abandonado."

Na sua obra Pulsões e Destinos das Pulsões, de 1915 Freud expõe de maneira sistemática esta sua primeira teoria das pulsões. Define a pulsão como um conceito de fronteira entre o psíquico e o somático. Conceito fronteiriço quer dizer simplesmente que se trata de uma estimulação que vem do somático e atinge o psíquico, atravessando, portanto a fronteira entre o soma e o aparelho psíquico. 

Sigmund Freud afirmou que as pulsões possuem quatro elementos: a pressão, o alvo, o objeto e a fonte. A pressão é uma energia potencial, algo latente à pulsão, que exerce sua força e é de fato, a sua essência. É mediante esta energia potencial que o aparato psíquico se movimenta. Tal energia potencial impulsiona a psique. Esta energia flui constantemente, é um potencial energético sempre presente e insaciável, por não estar a serviço de nenhuma função biológica, como a fome ou a sede. 

O alvo da pulsão é sua satisfação completa, a qual segundo Freud jamais será satisfeita. O máximo que o organismo e a psique podem atingir é uma satisfação parcial da pulsão através de sua descarga por objetos.O objeto da pulsão pode ser qualquer coisa que permita a descarga parcial da mesma, pois o objeto da pulsão depende da fantasia e do desejo do indivíduo. O objeto da pulsão é aquilo junto a que, ou através de que, a pulsão pode atingir seu alvo. O objeto é variável, e não está intrinsecamente ligado à pulsão. O objeto está ligado à pulsão em consequência de sua potencialidade para tornar possível a satisfação.


A variabilidade e contingência dos objetos e alvos das pulsões, por excelência em relação às pulsões sexuais, são cruciais para diferenciar a concepção freudiana da pulsão de outras concepções relacionadas ao conceito de instinto.Finalmente, a fonte da pulsão é o interior do corpo. Com efeito, a pulsão esta numa posição intermediária entre o corpo e a psique. Freud, em sua obra Pulsões e destinos das pulsões faz a distinção entre pulsões sexuais e pulsões do eu, como já enfatizado. Todavia na sua obra Além do princípio de prazer de 1920, Freud postula a existência de uma pulsão de morte contra a qual a pulsão de vida atuaria. Escreve Freud : “Depois de muito hesitar e vacilar, decidimos presumir a existência de apenas dois instintos básicos (pulsões), Eros e o instinto destrutivo... no caso do instinto destrutivo, podemos supor que seu objetivo final é levar o que é vivo a um estado inorgânico.”


BIBLIOGRAFIA

BRABANT, Georges Philippe. Chaves da psicanálise. Zahar Editores. Rio de janeiro:1973.

FREUD, Sigmund. Além do princípio de prazer. Edição Standard brasileira. Editora Imago. Rio de Janeiro: 2006.

FREUD, Sigmund. Esboço de psicanálise. Editora Imago. Rio de Janeiro: 2001.

Abraços Fraternais

1 de setembro de 2017

Sublimação e arte

Essas três instâncias administram a rede de pulsões de satisfações sexuais e de morte, que coexistem em todos os seres humanos. Os critérios de cada um para lidar com elas obedecem às necessidades de autoconservação, de prevenção do sofrimento e de maximização do prazer. A complexidade do processo leva à inibição ou à repressão de instintos. Um dos resultados desse processo é a sublimação, que conduz à produção cultural por uma atividade psíquica de reelaboração da pulsão do prazer. 

Essas constatações fizeram Freud concluir que não haveria civilização sem repressão. Mas, para ele, a escola poderia direcioná-la para o lado bom: a sublimação que leva à produção artística. "Porém, como todo processo psíquico, esse mecanismo é inconsciente e não pode ser conduzido por uma programação feita pela escola", explica De Lajonquière.

Há pelo menos uma observação feita por Freud aos pais que vale para os educadores: "Nós nos preocupamos demais com os sintomas e muito pouco com o lugar do qual provêm. E quando criamos os filhos queremos simplesmente ser deixados em paz, queremos uma 'criança modelo' sem nos perguntarmos se isso é bom ou ruim para ela."

Saudações